Foto artigo To Button up or Not to Button Up? da Fred Perry

Abotoar tudo ou não?

"O simples ato de abotoar o botão de cima de uma camisa ou polo e a simplicidade do estilo que essa decisão cria desmente uma variedade de intenções complexas e intricadas. Apresenta uma aparência ao mesmo tempo adequada em sua limpeza e rebelde na exclusão deliberada da gravata." - Gert Jonkers e Jop Van Bennekom, editores da Fantastic Man

Abotoar tudo ou não?

É a questão que tem atormentado a cultura jovem desde a era do pós-punk, quando artistas e músicos como Orange Juice, Jesus & Mary Chain, Robert Smith dos The Cure, Paul Weller, David Byrne dos Talking Heads, Jean-Michel Basquiat e o realizador David Lynch abalaram a norma e apresentaram-se ao mundo sem gravatas adotando o estilo limpo e asseado de antepassados como os Mods do início dos anos 60.
Mais recentemente os atores de Hollywood Ryan Gosling, Timothee Chalamet e Zayn Malik começaram a utilizar as suas camisas e polos desta forma. "É um visual que é tão descuidado e elegante como desajeitado e inteligente", são as palavras à GQ Inglesa do autoproclamado "Psicólogo do Estilo" Teo van den Broeke. Neil Tennant, do duo pop Britânico de grande sucesso Pet Shop Boys, foi um pioneiro na resposta à dúvida de abotoar tudo até a cima ao declarar: "Eu gosto de funcionalidade. Se existe um botão em cima porque não usá-lo? Para além disso uma camisa aberta é demasiado casual . Não é para mim."

E este simples método de atingir a formalidade que prova ser duradouramente atraente. No que diz respeito ao polo M3600 da Fred Perry a resposta é simple: é tempo de abotoar até a cima; pois já a contar com as comemorações do septuagésimo aniversário da marca, um detalhe de corte foi reintroduzido. De 2022 para a frente os M3600 deixarão as carcelas de botões do tipo "grown on" ou incorporada (em que a peça onde abotoam os botões é parte de uma única peça que constitui a frente do polo) e será substituída por uma carcela de botões do tipo "set-in". Como resultado o aperto do último botão apresenta um ar de que quem veste a peça se deu ao trabalho de considerar o aspecto. Apesar de parecer uma pequena alteração, a mesma é significante pois volta ao desenho original de Fred Perry de 1952, quando ele e o seu sócio responsável pelo design Tibby Wegner apresentaram o seu produto revolucionário em Wimbledon nesse mesmo ano.

Chamada originalmente de camisa de ténis, a sua popularidade cresceu com o negócio do leisurewear ao longo da década contando com a ajuda da abertura de lojas de roupa masculina como a boutique de Vince Man, loja do Soho cujos clientes incluiam o boxer Billy Walker e o malogrado Sean Connery, que há data estava a construir carreira como bodybuilder.

Ao chegar o final dos anos 60 o polo atingiu uma popularidade gigante junto dos jovens Modernists. O apreço pelos valores estéticos do desenho deste continuou a crescer pelo revivalismo Mod dos anos 70 e inicio dos anos 80 e pelo Britpop dos anos 90. No inicio da década dos nooghties a Fred Perry apresentou o polo M12 Made in England com a carcela dos botões do tipo "set-in" , detalhe que partilha com o M3600. Com historial e fundações sólidas na sua linhagem estabelecida por Fred Perry durante sete décadas o polo continua contemporâneo, para não dizer futurista, quando abotoado até a cima.

Como escrito pelo jornalista de moda Alexander Fury, isto indica "precisão e importância atribuída ao mais pequeno dos detalhes". É tempo de abotoar até a cima.

Palavras de Paul Gorman traduzidas para Português por Rui Araújo

 

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